Skip to content →

Categoria: ADM

Administrando o consultório em tempos de crise econômica – parte 3

Dívidas, juros e inflação

Eu acho tudo isso bem estranho. Países desenvolvidos em momentos de crise assistem à diminuição dos preços (deflação) e para o fundo do poço vai a taxa de juros. Certamente os economistas têm boas explicações, mas vamos cair na real: Vivemos no Brasil e aqui não é assim que funciona. Em geral crise econômica por essas bandas significa inflação aumentando, juros subindo, cotação da moeda (que para mim já foi cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, urv, real, real novo. Opa, esse ainda não!) despencando e imóveis e ações em baixa.
E, como isso impacta sua vida? Vamos dar uma olhada.
INFLAÇÃO – o seu dinheiro já não faz mais o mesmo. Há duas opções. Trabalhe mais tempo ou aumente sua produtividade. Aumente seus preços. Na 1a. opção você se desgasta mais, na 2a. perde pacientes. Minha sugestão é usar um misto das duas. Tente trabalhar mais e vá reajustando seus preços devagar.
JUROS – o lado ruim é que você paga caro para financiar sua prática profissional. Cuidado com antecipação de recebíveis, os juros vão custar caro. Cuidado com parcelamentos longos oferecidos aos pacientes. Você pode perder bastante dinheiro se precisar antecipar os recebimentos.
DÍVIDA – inflação + juros altos significam dívidas impagáveis. Nesses tempos atuais não dá para assumir dívidas. Não dá para entrar em dívidas para adquirir bens e muito menos para financiar consumo. Agora, é seguir a máxima de que quem compra à vista paga menos. É fato. Agora os movimentos são mais lentos.
Bem, e o que faço se vou trabalhar menos porque os pacientes diminuem, vou receber um dinheiro que vale menos devido à inflação e não posso financiar meu consumo devido aos juros? Bom, só lhe resta economizar. E sabe qual a maior economia que você pode fazer em seu consultório? Diminuir o seu padrão de vida pessoal. Veja no post anterior que o maior gasto do consultório é o pró-labore que ele pega ao profissional.
Mas nem tudo é ruim nesse cenário. Com juros altos e imóveis e ações em baixa os iniciados na arte de enriquecer estão fazendo compras. O difícil é fazer sobrar dinheiro. Fica a dica.
Let’s TAD.

61 Comments

Administrando o consultório em tempos de crise econômica – Parte 2

Onde economizar e onde não economizar

Tempos mais difíceis exigem medidas mais duras, mas cuidado para não matar seu negócio economizando onde não é adequado.
Duas listas básicas para refletir.
1 – Onde economizar
a – No seu pró-labore
Não adianta falir seu consultório para manter seu padrão de vida pessoal. É um tiro no pé. Se o seu consultório fechar você terá que arrumar outro trabalho. Você quer e está apto a trabalhar como empregado? Diminuir estrategicamente o seu padrão de vida pode salvar o seu negócio.
b – Nos setores acessórios ao atendimento
Já pensou em trocar a assinatura da TV a cabo (que a sua secretária usa para passar novela e sessão da tarde na sala de espera) por uma assinatura do Netflix. Deixar algum show ao vivo ou um bom documentário passando na TV é muito mais barato e mais chique.
Que tal desligar as luzes e os aparelhos de ar condicionado das salas que não estão sendo usadas. Uma boa economia em eletricidade com finalidade ecológica.
O mesmo vale para a esterilização. É mais econômico e produtivo processar os instrumentos em grandes lotes. Um bom planejamento permite que se perca menos tempo e se economize no uso de eletricidade nos aparelhos de ultrassom e autoclave.
c – Não despedice material deixando produtos vencerem por falta de organização.
d – Pague as contas no vencimento para evitar multas e juros.
e – Veja se as tarifas bancárias estão otimizadas no seu plano de conta-corrente.
f – Não faça dívidas. Caso as tenha, renegocie o mais rápido possível para taxas mais baixas e as pague rapidamente. Evite os juros.
E assim vai. Use a criatividade para cortar custos que agregam pouco ao serviço que você presta.
g – Em tempo e muito importante. Funcionários ociosos ou que não desempenham suas atividades adequadamente devem ser dispensados rapidamente. É um custo altíssimo manter empregado que não acrescenta valor ao seu consultório. Sem falar nos custos trabalhistas que só vão aumentando.
2 – Onde não economizar
Não corte gasto em nada que piore a qualidade dos serviços que você presta. Se
você oferecer atendimento de pior qualidade vai perder bons pacientes e vai encontrar pacientes dispostos a pagar menos por serviços inferiores. O pior dos mundos!
a – Não deixe de pagar nem atrase os salários de seus funcionários. O mesmo vale para os encargos trabalhistas.
Bonificações podem ser negociadas. Crise atinge a todos.
b – Não compre materiais dentários piores. Cruz credo, passar horas refazendo trabalhos.
c – Não contrate os serviços de um técnico de prótese pior, por nada nesse mundo.
d – Não economize nas estratégias de divulgação. Pelo contrário, gaste mais nessa área.
e – Não ecomize com ligações telefônicas, sms, e-mail, site. Renegocie o valor dos planos, mas não diminua a comunicação com seus pacientes. Invista aí.
f – Não economize em simpatia, atenção, disponibilidade, interesse, capricho. Não entre na onda do já que está ruim então que exploda. Tenha uma atitude pró-ativa. Faça parte do time dos que andam para frente.
São apenas algumas dicas. Veja o que se aplica ao seu caso e use. A ideia principal é diminuir seu padrão de vida e tomar medidas para salvar seu consultório, preparando-o para a nova época de crescimento que virá no futuro.

Let’s TAD.

70 Comments

Administrando o consultório em tempos de crise econômica – parte 1

Sonhos desfeitos, visão pessimista do futuro, diminuição do padrão de consumo, piora na qualidade de vida e problemas de saúde física e psicológica. Claro que crise econômica é ruim e claro que é ruim dar uns passos para trás, mas o fato é que esse processo não deveria ser desesperador. Não deveria causar tanto estrago. E, um dos principais motivos para tanto estrago é confundir e misturar a administração financeira do consultório com a administração financeira pessoal.
Consultório Odontológico é um negócio e o dinheiro do negócio não é do dono até que se apure lucro. Simples assim! Só se tira do consultório, para levar para casa, o lucro. Em outras palavras, o dinheiro que o dentista leva para casa é aquele que sobrou depois de pagar todas as obrigações e fazer os investimentos. Esse conceito é importante para um futuro promissor porque o negócio tem que sobreviver apesar da vida pessoal de seus donos.
A forma mais simples e eficiente de manter a saúde financeira do consultório é usar contas correntes bancárias separadas para o trabalho e para os gastos pessoais. Nada se mistura nessa relação. Aliás, a única relação é o montante de dinheiro transferido da conta do consultório para a conta pessoal. Em nenhuma hipótese se paga supermercado, gasolina, restaurante e cinema com a conta do consultório. Muito menos aluguel da casa, financiamento habitacional, prestação do carro e escola das crianças.
A essa altura você deve estar se perguntando como pagará por seus compromissos pessoais se o dinheiro está “preso” na conta do consultório. Aí é que está o pulo do gato, a grande sacada. Viva como a grande maioria das pessoas no que se refere à remuneração. Viva de salário.
É difícil para o consultório pagar salários mensais ao seu dono. Isso ocorre devido à variação de faturamento que os negócios apresentam. Para driblar esse problema faça retiradas trimestrais ou semestrais da conta do consultório e chame essas retiradas de pró-labore1. Passe agora a viver do seu pró-labore2.
Essa simples mudança de mentalidade, passar a viver de salário fixo em vez de ir pagando as contas conforme elas aparecem e separar a conta corrente pessoal da profissional, pode fazer toda a diferença na administração financeira de seu futuro, em especial, em época de crise.

1 – o termo pró-labore usado no texto não está tecnicamente correto do ponto de vista da Contabilidade.
2 – tome o cuidado de definir o valor de pró-labore compatível com o faturamento médio de seu consultório e tenha certeza de que irá sobrar caixa, na conta do consultório, para fazer frente aos compromissos financeiros e para construir uma boa poupança que servirá de reserva de emergência e como recurso para construir patrimônio.

Let’s TAD.

61 Comments